terça-feira, 3 de julho de 2012


A Fogueira de São João

Quando eramos crianças, todos os anos nossos pais nos levavam na festa de São João, perto da casa  que morávamos em Vila Capivari. Na festa tudo era de graça, isso era o que eu mais amava. As noites sempre muito claras com a lua iluminando o céu de uma noite que parecia não ter fim, de tão longo que era, o frio era absurdo de uma geada sem igual. A fogueira começava a ser acessa logo ao entardecer, para que no momento exato ela ficasse somente em brasa, e fosse espalhada no chão como um tapete fervilhando. Exatamente a meia noite, as pessoas que la estavam, isso é claro aqueles que diziam ter fé, faziam suas orações, o sinal da cruz e pronto la iam eles caminhar sobre aquele monte de brasas, três vezes consecutivas. Meus olhos e de meus irmãos brilhavam a ver aquilo, e ficávamos sempre muitos agitados, querendo entender o porque não queimavam os pés. Em uma das vezes que fomos, eu e meu irmão mais velho falamos aos nossos pais que no próximo ano iríamos também passar na brasa. Claro que eles disseram que tudo bem, mas acho que não acreditaram em nós.
Meu irmão com 10 anos e eu com 9, o tal próximo ano chegou, e la fomos nós a festa de São João, convictos de que passaríamos na brasa aquele dia, ainda de quebra levamos uma prima nossa. Pois então, chegado o momento, o frisson, o frio, as pessoas tirando o calçado, e fomos nós la também seguir a mesma rotina daquele povo que já estava acostumado a tal pratica, a maioria deles adultos, crianças mesmo hoje lembrando acho que somente nós 3. Todos se alinharam e fizeram o sinal da cruz, e penso eu que eles fizeram no mínimo uma oração, e nós 3 somente o sinal da cruz. Minha mãe quase que não respirava ao presenciar a cena. Pronto todos começaram a caminhar, e fomos no embalo daquelas tantas pessoas que la estavam, do publico eu somente ouvia os cochichos, nossa vai queimar, outros escondiam para não olhar, e eu somente olhava para os meus pés brancos em cima daquela brasa vermelhinha que reluzia aos meus olhos, um até pulou para cima do meu pé entre os dedos, tive a sensação de estar andando em cima de pedras quentes. Três vezes atravessamos o tapete de brasa, e meus pés? continuaram como estavam, nada aconteceu, voltei para casa com os pés calçados com minha meia, exatamente como cheguei, parecia mágica, a emoção que senti foi espetacular, inexplicável. Relato isso por mim, mas afirmo que o mesmo aconteceu com meu irmão e minha prima. Agora se me perguntarem se faria essa proeza novamente, nunca mais tive coragem, penso que só não queimamos os pés aquele dia porque éramos criança, e como minha mãe disse se passar na brasa por brincadeira e sem fé, os pés certamente irão esturricar.
Depois dessa vez, tantas outras e até hoje sempre estamos presentes nessa festa de São João, porem já fazem uns 3 anos que a tradição de passar na brasa infelizmente não vem mais acontecendo, por motivos de saúde na casa da familia que promove a festa.

( Annelise G.C)

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bacana! História fantástica!

Anne disse...

Obrigada,,,,, sinto saudades disso tudo!!!!